Repressão a estudantes da UFMG
O primeiro semestre deste ano foi marcado por inúmeras mobilizações dos estudantes na UFMG. O foco era a assistência estudantil, que num primeiro momento se materializou em atos pela melhoria do restaurante universitário. Dentro da pauta de reivindicações estava a ampliação física do restaurante e a redução do preço, assim como a gratuidade para os carentes. Durante as mobilizações ocorreram muitas assembléias, manifestações e debates, que contaram com a participação de centenas de estudantes.
Mas a Reitoria da UFMG, com uma resposta rápida, tratou de iniciar uma severa perseguição ao movimento estudantil e aos estudantes e entidades envolvidos.
Logo na primeira semana de mobilização, Ronaldo Pena, reitor da universidade, e Heloisa Starling, sua vice, mandaram fechar o restaurante, situação que perdurou por cinco dias. Nesse mesmo momento, trataram de publicar a Portaria 027, a qual punia todas as entidades que assinaram a carta de reivindicações do movimento. Tal portaria acabou sendo derrubada pela justiça. Não obstante, os estudantes foram filmados e fotografados por um “serviço de inteligência” da reitoria, destinado a se infiltrar nas manifestações e colher informações sobre o movimento estudantil, além de realizar um cadastro dos que dele participam. Nada legitima, em um Estado Democrático de Direito, que uma Universidade, espaço da construção do conhecimento e da liberdade de expressão, tenha entre seu corpo de servidores um órgão responsável por fichar os militantes do Movimento Estudantil.
Enquanto o restaurante estava fechado, uma comissão de dezoito estudantes se reuniu com o reitor e sua vice para discutirem a pauta de reivindicações. Dessa reunião ficou acordado que o restaurante seria reaberto e que nenhum estudante ou entidade seria punido.
Não cumprindo sua promessa, Ronaldo Pena e Heloisa Starling publicaram a Portaria 030, abrindo um processo administrativo contra os “identificados” durante as manifestações e assembléias. Foi criada uma comissão que intimou vários estudantes a deporem sobre o caso, com pena de serem jubilados caso estivessem envolvidos nos acontecimentos. Dentre os sujeitos à punição, encontram-se vários membros do movimento estudantil, que estão sendo ameaçados de desligamento da universidade.
No ápice da arbitrariedade, esta reitoria propôs perante o Poder Judiciário, uma ação em que exigia dos discentes uma obrigação de não-fazer, proibindo-lhes de realizar qualquer manifestação reivindicatória no espaço da universidade. Por óbvio, o juiz indeferiu de plano a Petição Inicial, sem julgamento do mérito, tendo em vista a impossibilidade jurídica do pedido. O afã de reprimir os estudantes é tão grande que a reitoria transferiu R$ 50.000,00 dos laboratórios da Universidade para contratar mais seguranças. Os estudantes tem sido tratados como intrusos, como bandidos contra os quais a universidade tem que se “proteger”, e não como parte da comunidade universitária.
Todos esses fatos mostram o grau de autoritarismo e arbitrariedade que move a atual gestão da reitoria da UFMG. Situações que nos lembram o período da ditadura militar, em que fazer parte do movimento estudantil ou participar de qualquer assembléia, reunião de pessoas ou ato político era considerado crime.
Tendo em vista o respeito à livre mobilização política e ao direito de reunião em espaço público, exigimos a retirada da Portaria 030 e de todos os processos administrativos contra membros do movimento estudantil.
Pelo fim da ditadura de Ronaldo Pena e Heloisa Starling
2 comentários:
Quero saber o q devo fazer para participar da moção em repúdio ás punições aos estudantes da ufmg.Também estou na luta!
São Paulo, 3 de Agosto de 2007.
Nós, estudantes de nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo manifestamos nosso repúdio à ação repressiva dos Reitores da UFMG: Ronaldo Pena e Heloisa Starling e apoiamos à luta dos estudantes em defesa da universidade pública e da assistência estudantil.
Os estudantes da UFMG estão mobilizados desde o dia 17 de abril, lutando pelo direito constitucional à assistência estudantil. O bandejão da UFMG é um dos mais caros do país, atende ao número irrisório de 3000 estudantes, enquanto no campus estudam mais de 30 mil, não oferece gratuidade das refeições para os carentes. Isso acontece porque a assistência estudantil na UFMG é prestada por uma fundação privada, a FUMP, que cobra dos estudantes uma taxa semestral obrigatória de R$ 187,12.
Diante do exercício do direito legítimo dos estudantes de se manifestarem pulando as catracas do bandejão a reitoria adotou uma série de medidas de repressivas:
Manteve dentro do campus um número elevado de seguranças privados, fardados e armados com cassetetes. Fechou a reitoria para a entrada de estudantes. Fotografou e filmou os manifestantes. Essa documentação se mantém arquivada no Departamento de Segurança Universitária. Publicou a Portaria 027 que estabelecia multa de mais de 10 mil reais às entidades estudantis (Ca’s e Da’s) que apoiavam as reivindicações do movimento. Entrou com ação judicial pedindo a aplicação da multa anteriormente referida, mas perdeu na justiça a ação.
Publicou a Portaria 030 constituindo uma comissão para punir os estudantes.Intimou mais de 30 estudantes, iniciando assim a punição e intimidação dos mesmos.Transferiu 50.000 reais dos laboratórios para a “segurança”.
Consideramos que essas medidas são um ataque à democracia e ao direito de livre organização e manifestação dos estudantes, conquistado sob muita luta do movimento estudantil e social brasileiro.
Ressalta-se ainda:
1. O “pulão das catracas” terminou assim que foram abertas as negociações através de comissão paritária.
2. Foi parte do acordo da reitoria com os estudantes a ausência de qualquer punição aos manifestantes.
3. Mesmo diante do acima exposto a reitoria publicou a Portaria 030 e iniciou a punição aos manifestantes.
Reiteramos nosso apoio aos estudantes, nosso repúdio à todas as medidas repressivas e exigimos, sob pena de tornar letra morta a democracia instituída neste país:
Revogação imediata da Portaria 030.
Abertura de todos os arquivos do Departamento de Segurança Universitário.
Destruição de todas as fotos e vídeos dos estudantes arquivados na reitoria.
Abertura da Reitoria para livre circulação de pessoas.
Cumprimento do acordo firmado com os estudantes: NENHUMA PUNIÇÃO.
Centro Acadêmico Emílio Ribas- CAER
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